Tuesday, April 22, 2008

A cidade dos mil nomes

Sentes tudo. Ao menos, achas que sentes tudo, que percebes a história e que tudo ganha um sentido lógico. Agora já não se trata de uma história de um livro ou de uma aula angustiante; existe e tu estás lá.
Não podem apagar o que fizeram nem o que sofreram.
Não se trata de serem bonitos, terem tranquilos jardins e ruas limpas. É mas que isso, sobreviver e manter a memória e saber viver com ela. Os edifícios são grandes de mais para passares ao lado, mas o barulho fá-los abstrair, os monumentos relembram que foi real, que a vida era preenchida por batalhas, glórias e derrotas. Festejadas ou homenageadas pela luxúria e ostentação. Hoje há só a vitória e a derrota, a ostentação que há, já existia e sobra o pó cinzento, a beleza que colmata a beleza do que foi um Império (ou pelo menos, que pensou ser...)
Acabaram-se os grandes vestidos, as bengalas e os chapéus das festas, tertúlias. ´é tudo mais banal, mais cosmopolita: o chamado contemporâneo.
Não te consegues decidir se as pessoas são mais ou menos felizes mas agora, repara, a bota condiz com a mala, o corte de cabelo reflecte a tua personalidade e parece que a língua é a única coisa que celebra o teu país.
Para mim, tudo de novo e diferente. Para eles, mais um dia num antigo pseudo-Império que está cheio de mais para ser enebriante.
Perdida naquela confusão de empurrões, sombras e cabeças, consegues sentir o stress na pele, a friez de uns, a indiferença de outros e umas quantas almas que lutam por ser diferentes. Sentes, mas não entranhas. Por isso sabe bem vaguear pelas ruas e não ter de olhar para o chão.
Depois voltas e é diferente. Quer dizer, a tua vida está igual, mas as horas que passaste ali mudaram a visão das coisas. A febre de os perceber, a lógica agora desenterrada e a que te queres agarrar.
Fotografias!Textos! Palavras! Descrevem o que, na realida, não existe. Foi o que achaste, como viste. E isso que não está lá, antes te acompanha.
E por isso te muda.

Sunday, April 13, 2008

Odeio domingos

Odeio domingos...
É a nostalgia da semana que passou e a ânsia (ou desespero) da semana que vem por aí. Aperto no estômago, nó na garganta, qualquer coisa que lhe queiram chamar. O facto é que é qualquer coisa. Ou se calhar - talvez, mesmo - o problema seja não ser nada.
Muitos pensamentos, dúvidas, projectos e mais dúvidas. Nada. Em concreto, nada.
Em concreto, dois meses no nenhures (que não é bem nenhures) e um mês que recuso a achar que passará lenta ou vagarosamente: passa só, simplesmente ao ritmo normal, com as 24 horas atribuídas a cada dia.
Em concreto bons momentos, maus momentos, momentos assim-assim e coisas que sei que não mais vou viver. O problema é que estou um pouco indiferente a tudo isso...não sei se o que vou sentir são saudades (e se já as sinto), alívio ou aquele grande nada que me inunda os domingos.
Parece-me que preciso de algo, a maioria das vezes acho que é de chorar. Mas chorar porquê? Nenhuma razão credível me permite defender esta ideia. Correr, gritar, partir qualquer coisa, falar e dizer palavrões, ser má ou escrever. Não sei, qualquer coisa que me faça sentir em paz.
Não quero sentir que estou em casa, porque não estou e nem é isso que quero.
Quero sentir-me aqui.Agora e não o antes e o depois.
Canso-me de recordar e projectar. E os domingos são excepcionalmente cansativos, como se me obrigassem a ficar sentada em frente a esta secretária (mesmo que esteja a andar na rua, estou senatda nesta secretária...) e pensar.
Por isso é que odeio domingos.