Friday, June 22, 2007

noite de s.joao

Apetecia-me voltar. Sentir que pertenço aqui, que nada mudou. Mas já não sinto a luz como sentia, as árvores já não me cheiram ao mesmo e já não conheço os rostos.
No entanto, nada mudou, tudo permanece igual...só que continuou sem mim. Ninguém sentiu, ninguém questionou, ninguém se incomodou, afinal foram só mais umas centenas de dias iguais aos outros.
Para mim não.
Aqui sentia o chão, ganhava forças. Aqui podia sonhar porque encontrava alento em cada esquina ou pelo menos, esquecia os sonhos que me atormentavam.
Agora, não.
Recordo o chão, as forças, os sonhos e não os encontro. Os tormentos são iguais, a minha capacidade para lutar é que não. Ou pelo menos a fonte para a beber não é esta. Não é por aqui.
Porque não sigo em frente?Porque fico presa e sofro em solidão, num estado de auto-comiseração que me chega a dar vómitos?
Sei que vou sempre voltar, sei que vou sempre lembrar-me e recolher os pedaços bons de vida e os pedaços maus espalhados nas ruas.
Sei que vou estar sempre presa a algum arrependimento, a alguma nostalgia que me vão dizer para ficar e colar os cacos, montar a minha realidade mas desta vez de uma maneira mais perfeita.
O tempo não volta atrás e as pessoas não olham quando te deixas ficar p'ra trás.
Aprende, Ana, aprende...ergue a cabeça, empina o nariz e mostra-lhes...

1 comment:

Salvador d'Almeida said...

sinto falta das noites de s. joao